domingo, 29 de julho de 2007

Lágrimas de chuva




Paula Toller, aos 44 anos na TPM - Segue trechos da entrevista (por Nina Lemos)

P: Há uns 15 anos seu único irmão morreu em um acidente de ônibus. Você já levou alguns golpes fortes da vida, não é?
R: Acho que todo mundo leva, né? Se você vive muito, acaba passando por essas coisas. Acontece na vida de todo mundo.

P: Você acha que levar esses golpes te deixa mais forte?
R: Você fica menos fresca. Eu me tornei uma pessoa que aproveita mais a vida. Aprendi a aproveitar melhor até os problemas, aprender com eles e resolver. Passei a ter uma urgência com a vida. E aprendi que tenho uma capacidade incrível de superar coisas. Mas essas coisas acontecem com todo mundo. Tem gente que passa por um susto e é como se não tivesse passado, fica tentando não pensar naquilo. Cada um reage de uma maneira.

P: Você faz análise há muitos anos. Sofre seus lutos, fica em casa triste?
R: Eu me dou um tempo. Mas esse tempo é curto. Uma hora eu levanto e vou para a rua arrumar alguma coisa para fazer. Não gosto de ficar remoendo a dor. Uma coisa é a depressão pós-trauma. Mas, quando percebo que estou faturando aquela dor, já não gosto e falo: “Opa! Vou sair”.

P: Suas letras são melancólicas, mas você não parece ser uma pessoa melancólica.
R: Não pareço? Sou uma pessoa muito ligada à cabeça, não sou tão prática. Sou capaz, por exemplo, de entrar em um livro e não sair dele nunca mais.

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